sábado, 28 de janeiro de 2012

Manejo florestal

Manejo florestal recupera áreas degradadas e combate à erosão

Agricultores do Rio de Janeiro podem ganhar até R$ 11 mil anuais com o plantio de árvores



Rodrigo Rey, Divulgação
Foto: Rodrigo Rey, Divulgação
Há um ano e oito meses o agricultor Fernando Fortunato, de 68 anos, plantou um hectare de mudas de acácia manjo (árvore nativa da Índia que se adaptou muito bem ao clima do Norte Fluminense). Com o cultivo, além de proteger uma encosta de morro que não usava mais para a lavoura, favorecendo o equilíbrio do meio ambiente, o produtor está preparando o que no futuro funcionará como uma poupança verde, no sítio onde vive há cerca de 20 anos, no Assentamento Novo Horizonte, na microbacia Rio Preto, em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro.
A acácia manjo tem crescimento rápido e pode ser cortada após oito anos, até para uso em construção civil. Em dez anos, cada uma das 1,2 mil mudas plantadas deve atingir entre oito e dez metros, permitindo o manejo florestal. A possibilidade de obter bons ganhos em uma área de baixa produtividade animou o agricultor.
 – Esse morro não servia para muita coisa, eu tinha pasto aqui, mas não era bom. Se batesse uma chuva forte, arrastava tudo, mas com essas árvores a terra fica protegida. Um dia poderei cortá-las e ganhar dinheiro sem cortar a mata nativa, e ainda vou poder ajudar algum amigo que precisar de uma árvore – disse o agricultor.
Técnico agrícola da Emater-Rio e assessor regional do programa estadual Rio Rural, Geraldo Monteiro explica que a área precisava ser recuperada, pois apresentava erosão. As árvores servirão de reserva de madeira em uma região que carece desse material para extração e ainda situa-se próxima ao Parque Estadual do Desengano.
– É uma forma de garantir a proteção dos remanescentes de Mata Atlântica e, daqui a um tempo, poder cortar árvores para a manutenção da propriedade, na confecção de cercas, currais, galinheiros e até para venda –, diz o técnico.
Com o plantio da área verde, o produtor ajuda a reverter o quadro histórico de degradação ambiental na região, utilizando os recursos naturais de sua propriedade em conformidade com o Novo Código Florestal, em tramitação no Congresso Nacional.
Fonte de renda
Em oito anos, o agricultor poderá começar a vender a madeira e garantir uma receita a mais com a propriedade. Segundo o técnico agrícola Geraldo Monteiro, hoje uma árvore semelhante às de Fernando, quando adultas, valem em média 170 reais no mercado.
 
O técnico acrescenta que o agricultor pode planejar a retirada de 120 árvores por ano, no máximo, mantendo sempre a mesma quantidade por hectare, o que dará a ele um lucro líquido de R$ 11 mil por ano.
– Rende mais que as atividades principais da agricultura da região, como cana-de-açúcar, e a pecuária de leite e de corte extensiva –, avalia.
GOVERNO DO RIO DE JANEIRO

Imposto rural

Proposta permite parcelamento de imposto rural em até seis vezes

Projeto deve passar por três comissões da Câmara dos Deputados


A Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Lei 2827/11, do deputado Alceu Moreira (PMDB-RS), que autoriza o parcelamento do Imposto Territorial Rural (ITR) em até seis cotas iguais, mensais e consecutivas. A proposta altera a Lei 9.393/96, que hoje permite o parcelamento em até três parcelas.
– A proposta tem origem em sugestões e no anseio dos proprietários rurais, que encontram dificuldades, cada vez maiores, em efetuar o pagamento anual do Imposto Territorial Rural –, explica o autor.
O projeto também autoriza a autoridade tributária a conceder desconto de até 10% do valor total do imposto, no caso de antecipação do pagamento em parcela única – como já é concedido para IPVA e IPTU.
Outro item da proposta é reduzir os juros legais, no caso de parcelamento, para 0,5% ao mês. Moreira diz que estes são os juros pagos pela União no caso de débitos judiciais. A lei atual prevê juros de 1%.
– Da mesma forma, o simples aumento do número de parcelas também não implica redução de receita; pelo contrário, pode significar até mesmo um aumento, uma vez que mais contribuintes poderão honrar com o pagamento –, argumenta.
De caráter conclusivo, o projeto será analisado pelas comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania

Grãos

Brasil deve consumir 50 milhões de toneladas de milho em 2011/2012


A produção interna do grão é estimada em 59,2 milhões de toneladas, mas número deve ser revisado para baixo

por Rafael Ribeiro, da Scot Consultoria
 Shutterstock
Em seu último relatório, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou um consumo de 50 milhões de toneladas de milho no Brasil em 2011/2012. 

A produção interna é estimada em 59,2 milhões de toneladas, mas este número deve ser revisado para baixo nos próximos relatórios. 

Este volume, somado aos estoques de passagem, de 9,5 milhões de toneladas, e as importações, estimadas em 500 mil toneladas, resultaria em uma oferta de 69,2 milhões de toneladas do grão no Brasil nesta temporada. 

Isto significa que o país precisa exportar pelo menos 9,2 milhões de toneladas de milho para manter os estoques finais próximos de 10 milhões de toneladas. 

Em 2011, o Brasil exportou 9,5 milhões de toneladas. O Irã foi o principal importador do milho brasileiro

O país comprou aproximadamente 1,9 milhão de toneladas do grão, ou 20,1% do total embarcado.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Uma boa opção

Mogno africano
Com madeira de qualidade e boa demanda internacional, a árvore é alternativa interessante para silvicultores e para quem quer ocupar espaço ocioso na propriedade
por Texto João Mathias | Consultor Urano de Carvalho*
Silvestre SilvaA árvore é mais resistente ao ataque de pragas
É do continente africano, para onde todos estão de olho na Copa do Mundo de Futebol, que vem uma madeira de qualidade superior e com boa cotação no mercado internacional. Costa do Marfim, Angola, Nigéria, República dos Camarões, Gabão e Congo são os principais países onde ocorre em estado espontâneo o mogno-africano, ótima alternativa de plantio para silvicultores nacionais. Mas quem conta com espaço ocioso em um sítio, chácara ou fazenda também pode adequar o cultivo da árvore, cuja madeira é parecida com a do mogno-brasileiro (Swietenia macrophylla), que tem derrubada proibida por lei federal. 
Entre as quatro espécies conhecidas pela denominação genérica de mogno-africano, a Khaya ivorensis é a que tem apresentado melhor desenvolvimento, seguida da Khaya antoteca e pela K. grandiflora. Apesar de contar com bom crescimento, a Khaya senegalensis esgalha bastante e não conta com fuste (tronco) reto, aspectos que interferem no uso da madeira.
Em 1976, cinco exemplares da Khaia ivorensis cultivadas na sede da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém, PA, chamaram a atenção pelo crescimento, altura e diâmetro atingidos. Mas as primeiras sementes do mogno-africano só foram produzidas no país em 1989, permitindo que agricultores locais iniciassem a difusão do plantio da espécie.
Com desenvolvimento mais vigoroso e abundante, a Khaya ivorensis tomou, em alguns casos, áreas onde já havia sido plantado mogno-brasileiro no Pará. Atualmente, estima-se em torno de um milhão de árvores somente na Amazônia, a maioria em território paraense. Parte desse volume é usada em sistemas agroflorestais, ao lado de cacaueiros e cupuaçuzeiros.
Das terras do Pará, a plantação se espalhou também para o centro-sul do país, chegando a Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Em solo mineiro, onde o cultivo da espécie começou há cerca de seis anos, avançou sobre terrenos anteriormente ocupados por parreirais.
De fuste retilíneo – característica importante para uma espécie madeireira –, o mogno-africano ainda leva vantagem sobre seus pares que pertencem à mesma família Meliaceae, como o próprio mogno- -brasileiro, o cedro (Cedrella odorata) e a andiroba (Carapa guianensis). Também fornecedoras de madeira de qualidade, essas espécies são, no entanto, mais vulneráveis ao ataque da broca-das-ponteiras (Hypsipylla grandella), favorecendo a emissão de ramos laterais e tornando o tronco curto, o que faz com que os exemplares percam valor como produto madeireiro.

RAIO X
>>> SOLO: de terra firme
>>> CLIMA: tropical úmido e subtropical
>>> ÁREA MÍNIMA: pode ser plantado em sítios, chácaras ou fazendas
>>> CORTE: 15 a 20 anos após o plantio
>>> CUSTO: o quilo das sementes varia de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil

MÃOS À OBRA
>>> INÍCIO É possível plantar mogno-africano em sítios, chácaras ou fazendas. Porém, por se tratar de árvore de grande porte, não é recomendado o plantio próximo a casas, galpões e redes elétricas e de telefone. Devido à pequena produção nacional, o quilo das sementes custa de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil. Se for necessário, podem ser armazenadas por mais de um ano, mas precisam estar secas e envasadas em embalagens à prova de vapor d’água, além de mantidas em câmaras frias ou geladeira, sob temperatura entre 5º e 8 ºC.
>>> PROPAGAÇÃO Ocorre por sementes. As mudas são formadas em sacos plásticos, com tamanho mínimo de 15 centímetros de largura e 25 centímetros de altura. Eles devem conter substrato feito a partir da mistura de solo com esterco, na proporção volumétrica de 4 para 1 – ou 80% de solo e 20% de esterco. Como alternativa, as mudas também podem ser produzidas em tubetes, com capacidade para 260 centímetros cúbicos. Para esse tipo de recipiente, são indicados substratos comerciais enriquecidos com adubo químico. Quando plantadas em campos, as mudas acomodadas em tubetes têm crescimento inicial mais lento, mas logo se recuperam e, ao fim de um ano, alcançam altura semelhante às das mudas que utilizaram sacos plásticos. Em ambos os casos, as mudas estão prontas para o plantio quatro meses após a germinação ou cinco meses depois da semeadura.
>>> PLANTIO O mogno-africano tem bom desenvolvimento em solos de terra firme, preferencialmente em locais com clima tropical úmido, mas também se adapta bem a regiões de clima subtropical. As adubações devem ser feitas com base na análise de solo. A espécie responde muito bem à adubação orgânica. Por isso, se houver disponibilidade de esterco ou composto orgânico, aplique 20 litros na cova de plantio. É importante que o esterco esteja bem curtido, caso contrário, ele poderá ser prejudicial. Uma planta adubada com esterco tem crescimento 50% superior no primeiro ano.
>>> ESPAÇAMENTO Não existe definição baseada em dados de pesquisa sobre o espaçamento ideal para o mogno-africano. Na prática, alguns agricultores têm adotado medidas que variam de 4 x 4 metros a 5 x 5 metros. O desbaste deve ser efetuado quando as copas se encontram, de tal forma que o espaçamento final seja de 8 x 8 metros ou 10 x 10 metros. Em sistemas agroflorestais, quando envolve o cupuaçuzeiro, por exemplo, o espaçamento deve ser de 15 metros entre as linhas e de 10 metros dentro delas.
>>> PRODUÇÃO Entre 15 e 20 anos, o mogno-africano atinge a idade de corte. Com os cuidados necessários, como controle de mato, adubação e verificação de doenças, o fuste deverá estar com 12 a 15 metros de comprimento e diâmetro entre 60 e 80 centímetros.


*Urano de Carvalho é engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Travessa Enéas Pinheiro, s/no , Belém, PA, CEP 66095-100, tel. (91) 3204-1000, sac@cpatu.embrapa.br

Onde comprar: diversos produtores de sementes de mogno-africano estão registrados no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). O Serviço de Fiscalização Agropecuária informa quais são os produtores que comercializam sementes por meio do fiscal federal agropecuário Estevam de Oliveira, tel. (91) 3243-3833

Mais informações: a Embrapa Amazônia Oriental, em Belém, PA, também dispõe de pequena quantidade de sementes, as quais são oriundas das primeiras árvores introduzidas, tel. (91) 3204-1000
 

UAU!!!

Agricultor colhe abóbora de 56 quilos no Paraná

Produtor agora planeja comercializar as sementes do fruto gigante
por Michelle Ferreira
Alessandro dos Santos/Divulgação
As abóboras da família de Palmas (PR) pesam 56 e 24 quilos respectivamente
Alessandro dos Santos e sua família tiraram a sorte grande neste mês. Na chacará em Palmas (PR), onde também cultiva milhomandiocabatata doce, entre outros produtos agrícolas, a família colheu uma abóbora de 56 quilos. 

agricultor ficou espantado ao perceber que o crescimento do fruto gigante se deu muito mais rápido do que o de outras abóboras do lugar. Também este mês, Alessandro chegou a colher outra abóbora de tamanho incomum, com 24 quilos.
Alessandro dos Santos/Divulgação
Segundo ele, “o sabor é muito bom, quase melhor que o de uma abóbora normal”. 

O produtor pretende vender as sementes da abóbora grandalhona, além de continuar com sua plantação. E, no futuro, esperar colher outros frutos de proporções elevadas e vender a produção. O preço ainda não está definido, mas, certamente, se o tamanho impressionar, o sucesso está garantido. 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Exportação rural

Exportação rural explode e mostra origem da força política do setor

Em ano de baixo crescimento global, agronegócio brasileiro eleva vendas ao exterior em 24% e garante lucro comercial de US$ 77 bi, 2,5 vezes mais do que resultado geral do país. Ministro da Agricultura já sonha com exportação de US$ 100 bi em 2012. Força econômica do setor ajuda entender por que governo Dilma não tem plano de reforma agrária e novo Código Florestal.

BRASÍLIA – No primeiro dia útil do ano, o governo divulgou o resultado da balança comercial em 2011 e já se sabia que, mais uma vez, o agronegócio fora decisivo para os recordes de exportação e o para o maior saldo comercial desde 2007, mesmo em um ano de crise global. Agora, ao segmentar parte dos números, o governo permite que se dimensione o peso econômico do setor rural que, em alta, acaba proporcionando mais força política também, como se vê na falta de um plano de reforma agrária da gestão Dilma e no avanço do novo Código Florestal no Congresso.

Em 2011, ao fazer negócios com o exterior, o agronegócio gerou duas vezes e meia mais dólares ao país, do que o conjunto da economia. O saldo comercial dos ruralistas foi de US$ 77 bilhões, enquanto o do Brasil em geral foi de US$ 30 bilhões. O dado, divulgado nesta terça-feira (10) pelo ministério da Agricultura, sugere o tamanho do prejuízo pela indústria, afetada por um dólar ainda barato demais e, mais do que qualquer outro setor, pela crise global.

No ano passado, apesar desta mesma crise global, de problemas climáticos e de um embargo russo contra o Brasil, as exportações do agronegócio registraram novo recorde, alcançando o melhor ano desde 1997. O país exportou US$ 94 bilhões, 24% a mais do que em 2010, e o ministro Mendes Ribeiro já sonha com uma marca centenária. “Francamente, temos condições de ultrapassar os US$ 100 bilhões em exportações do agronegócio este ano”, afirmou.

Para 2011, a meta anunciada no início do primeiro mandato da presidenta Dilma era exportar US$ 85 bilhões. Ao contrário de anos anteriores, não houve aumento na produção. Foi a alta no preço dos principais produtos exportados pelo Brasil que acabou ampliando o resultado em quase US$ 10 bilhões de 2010 para o ano passado.

Segundo o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do ministério, Célio Porto, o resultado da balança comercial de 2011 confirma uma tendência de crescimento registrada há dez anos, com exceção de 2009, em função da grave crise financeira internacional que explodira no ano anterior.

Porto não acredita, entretanto, que a crise global vá afetar o agronegócio brasileiro em 2012. Segundo ele, apesar da União Europeia, principal cliente brasileiro, enfrentar uma séria crise econômica, o crescimento nas exportações se dá nos negócios com Ásia, Oriente Médio, África e Oceania.

Além disso, Porto informa que a grande expectativa de exportação para a Europa é a carne brasileira, que sempre teve restrições de entrada no continente por conta de questões sanitárias. “A ampliação da exportação de carne poderá compensar outras possíveis perdas”, esclarece.

A melhoria das condições sanitárias do país também é a aposta para que os produtos pecuários brasileiros conquistem mercados ainda mais promissores, como o Japão, que consome US$ 4 bilhões de carne suína por ano, e a Coréia, que compra US$ 1 bilhão. 

É, também, a garantia de retomada do mercado russo que, desde junho de 2011, embargou à carne brasileira proveniente de três estados. Apesar disso, as exportações de carne suína cresceram 7%, de carne bovina, 11,5% e, de frango, 19%.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Melancia

Produção de minimelancias é aposta de fazenda na Paraíba


Objetivo é atender mercado de solteiros e famílias pequenas

por Juliana Bacci | Arte: Filipe Borin
   Divulgação
Devido ao seu baixo teor calórico, a melancia aparece em quase toda dieta daqueles que se preocupam em perder – ou, ao menos, não ganhar – uns quilinhos. Pensando no grupo que desiste de levar para casa a fruta por ser grande demais, a Fazenda Tamanduá, localizada no município de Santa Terezinha (PB), decidiu apostar em uma semente capaz de produz minimelancias com peso entre um e dois quilos, ideal para solteiros e famílias reduzidas. 
   Divulgação
Funcionários da Tamanduá com amostras da fruta: fazenda colhe 20 toneladas por safra
De acordo com Manoel Zacarias de Lima Neto, gerente da Tamanduá, a novidade, cuja semente foi desenvolvida pela Syngenta Seeds, produz frutos de até 15 centímetros de diâmetro, coloração intensa e sabor extremamente adocicado, além de casca fina e sementes esbranquiçadas. 

A primeira colheita aconteceu há quatro anos. Na ocasião, a produtividade foi de 18 toneladas. Hoje, já atinge 20 toneladas por safra, com o plantio distribuído em dez hectares. A quantia abastece mercados dos estados da Paraíba, do Ceará, de Pernambuco e São Paulo. “O tamanho reduzido encoraja a comprar os que têm medo da fruta estragar na geladeira”, aponta o gerente. 

O comércio feito pela Tamanduá se estende apenas aos frutos do tipo fêmea, mais parecidos com a melancia comum. As frutas do tipo macho, que têm polpa branca e gosto próximo ao do pepino, correspondem a 30% da colheita e servem de alimento para as vacas da fazenda, que também aposta na produção de queijos biodinâmicos, mel, arroz vermelho, melão e manga. 
Editora Globo

Nim

Nova arma contra pragas: óleo de Nin nanoencapsulado e enriquecido com bagaço de cana


Pela primeira vez no Brasil, extração do óleo da planta asiática teve sucesso e poderá ser usado como defensivo natural

por Globo Rural On-line
 Shutterstock
O óleo da árvore asiática Nim Indiano é usado como poderoso inseticida
Um projeto inédito nascido na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) conseguiu otimizar a extração do óleo de Nim sem que este perdesse suas capacidades inseticidas.Até agora, não havia registro, no Brasil, de um sistema que retirasse o óleo desta planta sem danificar suas características principais, que se perdiam quando entravam em contato com a luz solar. Por meio da 
nanoencapsulação do óleo, isto foi possível. 

A responsável pela pesquisa é Maria Fátima das Graças Fernandes da Silva, professora do Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia da Universidade Federal de São Carlos. Ela explica que o óleo de Nim apresentava comportamento instável quando em contato com a luz do sol e por isso, os agricultores que usam o Nim como defensivo natural tinham que aplicar o óleo diversas vezes, o que tornava o sistema oneroso e difícil. 

Maria Fátima diz que detectou falhas mecânicas nos processos anteriores de extração do óleo e, segundo ela, durante o procedimento, que envolve a colheita do fruto e a retirada das sementes, perdia-se cerca de 60% do princípio ativo da planta. "A extração era feita por um processo conhecido por compressão, que formava uma espécie de torta. No entanto, essa torta – na qual se encontra a maior parte da azadiractina, que é o princípio ativo do Nim – é descartada”, disse. 

No novo processo de extração, o óleo do Nim também passou a ser enriquecido. "Além dos ajustes no processo de extração do óleo, que rendeu um pedido de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), desenvolvemos um polímero natural de bagaço da cana-de-açúcar para em seguida envolverem, em escala nanométrica, o óleo de nim", explica. 

“Esse nanoencapsulamento permite maior proteção ao princípio ativo em relação à radiação solar. Ao ser aplicado, o óleo tem maior tempo de vida no solo, o que representa uma importante economia para o agricultor, que não precisa aplicá-lo várias vezes”, ressaltou Silva. 

A pesquisa do nanoencapsulamento – que também rendeu um pedido de registro de patente – despertou o interesse de uma empresa alemã, que já é responsável pelas vendas do óleo de nim oriundo da Índia no Brasil. Segundo a professora, a parceria fechada com a empresa deverá acelerar o ingresso do produto nanoencapsulado no mercado.
Planta defensora

O nim ou neem (Azadirachta indica), planta natural do sudeste da Ásia, é considerado uma fonte promissora para a produção de inseticidas orgânicos. Na agricultura, essa árvore da família Meliaceae é utilizada em diversas regiões para o controle de pragas, agindo sobre cerca de 400 espécies de insetos. 

Com crescimento rápido e copa densa, o nim chega a alcançar 15 metros e pode ser cultivado em regiões de clima quente e solos bem drenados. No Brasil, as primeiras introduções feitas de forma oficial foram pela Fundação Instituto Agronômico do Paraná, em 1986, com sementes procedentes das Filipinas e, em 1989, com sementes da Índia, Nicarágua e República Dominicana. Na década seguinte, suas propriedades se tornaram mais conhecidas, dando início a plantios comerciais em diversos estados.