segunda-feira, 26 de setembro de 2011


Estudo prevê aumento nos preços do petróleo e do etanol no mercado mundial

O valor final do biocombustível deve mais que dobrar até 2020
por Globo Rural On-line
 Shutterstock
A alta nos preços do petróleo e do etanol vai limitar o crescimento econômico mundial ao longo da década. Está é uma das principais conclusões do estudo Brasil Sustentável - Perspectivas dos Mercados de Petróleo, Etanol e Gás, da Fundação Getulio Vargas em parceria com a empresa de auditoria e consultoria Ernst & Young Terco.
O preço do biocombustível, por exemplo, deve mais que dobrar até 2020. O estudo aponta um “latente descompasso entre o crescimento da demanda e a incorporação de novas reservas, o que fará com que os preços do petróleo e do etanol no mundo subam, respectivamente, 43,1% e 125,9% até o final da década”.
Mas essa alta não deve se refletir com a mesma intensidade no mercado brasileiro. O estudo prevê que, no Brasil, a elevação média dos preços dos combustíveis será menor: 18,7% e 7%, respectivamente para petróleo e etanol, até 2020.
"Mesmo o país não sendo tão afetado por esse movimento, os preços em trajetória ascendente serão um fator limitante para o desenvolvimento de praticamente todas as economias, traduzindo-se em um hiato de 0,52 ponto percentual ao ano em relação ao crescimento potencial do Produto Interno Bruto (PIB) mundial até o final da década”.
Segundo a FGV, o estudo foi baseado em um modelo computacional dos mercados de energia. Com base nesse modelo, o estudo conclui que, durante esta década, o cenário global ainda será marcado pela dependência do petróleo, cuja demanda seguirá em crescimento, por movimentos incipientes e insuficientes de substituição e de eficiência energética e uma expansão de oferta incerta, concentrada no período posterior a 2015.
Na avaliação do coordenador da FGV Projetos, Fernando Blumenschin, esses fatores farão com que o preço do petróleo suba já a partir deste ano. “De 2017 em diante, o movimento começa a arrefecer com a entrada gradativa em operação de novas reservas e com medidas de substituição e eficiência energética começando a surtir efeitos”. 
Fonte: http://revistagloborural.globo.com  

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

bolsa verde


Governo discute a criação da Bolsa Verde


Medida visa incentivar atividades de preservação do meio ambiente em áreas rurais

por Agência Brasil
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A Câmara começa a discutir esta semana a medida provisória (MP) que autoriza o pagamento de uma bolsa a famílias em situação de extrema pobreza que desenvolverem atividades de preservação do meio ambiente na área rural. A MP 535/11 cria o Programa de Apoio à Conservação Ambiental e o Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais e faz parte do Plano Brasil sem Miséria.
Pela proposta, as famílias receberão a chamada Bolsa Verde, no valor de R$ 300, pagos trimestralmente por um período de até dois anos, podendo ser prorrogado.
Para ter acesso ao benefício, as famílias deverão estar em situação de plena pobreza, inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal e desenvolver atividades de conservação em áreas de florestas nacionais, reservas extrativistas e de desenvolvimento sustentável, assentamentos florestais ou agroextrativistas criadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ou em áreas consideradas prioritárias pelo Executivo, que definirá também o conceito de extrema pobreza.
A medida provisória também concede benefícios a agricultores familiares, pescadores e silvicultores. As famílias beneficiadas poderão receber até R$ 2,4 mil, em três parcelas, durante dois anos. A ideia é estimular a geração de trabalho e renda e a estruturação produtiva desses grupos.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Plantando sorte


Cresce produção de trevo-de-quatro folhas

Cultivo se concentra em Holambra, SP, e soma cerca de dois milhões de unidades por ano
por Luciana Franco
Divulgação/Expoflora
Sorte e investimento: a produção do trevo-de-quatro-folhas dos produtores André e Daniel Boersen cresce a cada ano
Quem nunca ouviu dizer que achar um trevo-de-quatro-folhas é sinal de sorte? Isso acontece porque o comum é que os trevos tenham apenas três folhas. E justamente devido ao fato raro de se encontrar na natureza uma planta com quatro folíolos é que a torna um amuleto de sorte. E Foi apostando neste apelo que os produtores André e Daniel Boersen resolveram investir no cultivo da planta no Brasil. Hoje, a família Boersen é a única que produz o trevo-de-quatro-folhas em escala comercial, com vendas de 2 milhões de unidades por ano.
“Reproduzimos o material genético de um bulbo de quatro folhas e iniciamos a comercialização há oito anos. É um mercado que cresce a cada ano”, conta Daniel Boersen, gerente comercial da propriedade, que fica em Holambra (SP). A planta, que tem a função decorativa, é de cultivo simples. Ela vai bem tanto em ambientes internos como externos, e deve ser regada uma vez por semana. “As antigas tradições acreditam que encontrar um trevo-de-quatro-folhas é sinal de sorte. Estamos ajudando a levar isso para as pessoas”, diz Daniel.
Divulgação/Expoflora
O kit trevo vem com potinho, saquinho com terra e quatro bulbos para o cliente cultivar a planta em casa
A empresa comercializa tanto a planta já cultivada num vasinho, como um “kit trevo”, para quem se interessa em realizar o cultivo em casa. O kit contém um potinho, um saquinho com terra e quatro bulbos. “O plantio é tão fácil quanto o de feijão no algodão”, diz Daniel. Após três dias, a planta começa a germinar. Já adulta, a planta dura cerca de quatro semanas. Depois o trevo murcha. “O ideal é que o bulbo seja replantado em um pote maior. O bulbo entrará, então, em dormência e nove meses depois voltará a produz um novo trevo”, conta.

Alternativa econômica


Frutas secas regionais conquistam o mundo


Umbu, xiquexique, mandacaru, entre outras delícias dos biomas do Brasil dão toque diferente à mesa do consumidor e ampliam os negócios de produtores e comerciantes

por Hanny Guimarães | Fotos: Roberto Seba
Roberto Seba
O comerciante Leonardo Chiappeta acredita que a disposição dos produtos na loja é um fator determinante para chamar a atenção do cliente
No Mercado Municipal de São Paulo, a loja de Leonardo Chiappeta chama a atenção. O colorido das diversas frutas secas estrategicamente dispostas na vitrine do Empório Chiappeta atrai centenas de consumidores, ansiosos pelas novidades garimpadas pelo comerciante. Há mais de 10 anos, ele vende o produto desidratado, mas foi o trabalho comprodutores rurais do Nordeste que impulsionou uma nova oportunidade de mercado.
Convidado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em 2004, para ensinar o processo de secagem de frutas a agricultores do Piauí, Leonardo enxergou nas frutas regionais a possibilidade de inovar o segmento, ajudando a gerar renda para as comunidades locais e preservar produtos tipicamente brasileiros. O que começou com o caju piauiense avança, agora, para outros estados que antes, muitas vezes, desperdiçavam grande parte da produção, como o xique-xique, o umbu e o mandacaru da Caatinga, além de frutas de outros biomas do país.
Roberto Seba
Caqui e jenipapo secos são algumas das opções disponíveis no Empório Chiappeta
Leonardo afirma que, atualmente, o Brasil produz 42 milhões de toneladas de frutas, mas nem 1% desse volume é desidratado. O produto que passou do estágio de consumo acaba sendo inutilizado, mas pode ser aproveitado com a secagem. “Há uma janela enorme de mercado aberta. É preciso valorizar o que é nosso e investir naquilo que é ecológico e socialmente sustentável. Oferecer o artesanal, mas melhorar as condições rudimentares de apresentação desses alimentos”, comenta.
 
Processamento 
processo milenar se sofisticou com o passar dos anos. Na antiguidade, a secagem era natural, feita com exposição ao sol, e o método ajudava a preservar os alimentos. Com a percepção de que o produto durava mais – geralmente um ano –, as frutas foram incluídas no cardápio militar, nas guerras do século 20, quando os países desenvolveram novas técnicas de desidratação. 

Nos estados onde estão sendo desenvolvidos as frutas secas brasileiras, o Sebrae aloca recursos para a instalação de estruturas de secagem, com fornos especiais para realizar o processo. O trabalho é realizado em conjunto com produtores envolvidos em cooperativas. O agricultor seleciona o fruto no seu melhor estágio (maduro, mas não passado, que já não vai mais para o mercado) e o beneficiamento é feito na região. “A ideia é que processamento permaneça nas localidades onde os produtores estão instalados, assim tem trabalho para todo mundo”, diz Leonardo.
Roberto Seba
Caju e até melancia rendem frutas desidratadas que podem ser consumidar puras ou utilizadas na culinária
Os cortes das frutas são diversos, mas depende do produto e da aplicação que ele terá. Todo o trabalho é guiado por Leonardo, engenheiro mecânico de formação, e apaixonado pelo processo. Além de durar mais, a secagem concentra os nutrientes, o que ajuda a aumentar ainda mais a procura pelo produto.
Mercado 
A estrutura básica para produção custa cerca de R$ 100 mil. Para exportação, o investimento é maior e pode chegar a mais de R$ 1 milhão. “A gente tem condição de exportar. A banana já está neste nível. Isso vai para o mundo todo. Já temos canais de distribuição na Espanha e na Itália, mas precisamos ficar mais competitivos. Os produtores precisam evoluir com certificados e absorção de tecnologias”, explica.
Roberto Seba
O umbu da Caatinga se destaca pela beleza do produto e pelo sabor preservado pelo processo de secagem
Hoje, o desenvolvimento de projetos em frutas secas é realizado com agricultores de diversas regiões do país comoAmazônia (cupuaçugraviolataperebáaçaí), Caatinga (umbuxique-xiquemandacarumaracujá), Cerrado (baru,cajucagaita), Pantanal (pequimanga), Mata Atlântica (caquigoiabamaçãcaju), Pampa (pinhãobergamota,pêssego) e Costeiro (cocoabacaxi, jacabananamanga).
Os produtos foram apresentados para a rede de supermercados Pão de Açúcar e já começam a ser comercializados. Em São Paulo, o empório Santa Luzia também destaca as frutas em suas gôndolas e as três lojas da família Chiappeta estimam vender este ano cerca de 20 toneladas dessas iguarias, onde os preços variam de R$ 12 a R$ 120 o quilo.

Energia renovável


Na Bahia, eucalipto vira energia elétrica

Empresa vai substituir o uso do gás natural pela energia cogerada a partir da árvore
por Globo Rural On-line
 Shutterstock
Árvores de eucalipto vão cogerar energia elétrica para abastecer o parque industrial da Dow Brasil na Bahia
Árvores de eucalipto serão utilizadas para cogerar energia elétrica em Candeias, cidade localizada na região metropolitana de Salvador (BA). A empresa Energias Renováveis do Brasil (ERB) é quem vai operar a unidade e a produção abastecerá o parque industrial da Dow Brasil, localizado na mesma cidade. 

Segundo a Dow Brasil, para dar vazão ao projeto foram investidos R$ 200 milhões. A empresa quer substituir os 200 mil metros cúbicos de gás natural que usa diariamente pela energia cogerada a partir do eucalipto para reduzir as emissões de gás carbônico na atmosfera. A unidade de cogeração terá capacidade para produção anual de 1,08 milhão de toneladas de vapor industrial e 108 mil MWh de energia elétrica. 

Em julho, a empresa e o estado já haviam firmado um protocolo de intenções, através do qual a ERB se comprometeu a estimular a a economia local por meio da viabilização deste projeto e geração de postos de trabalho. Em contrapartida, a Bahia oferecerá apoio institucional e benefícios fiscais previstos no Programa de Desenvolvimento Industrial e de Integração Econômica do Estado da Bahia.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Produtos artesanais



Geleias que levam frutas, açúcar e afeto


Há 15 anos, as artesanais geleias Tia Nata fazem sucesso entre os turistas da mineira Monte Verde, na Serra da Mantiqueira

por Janice Kiss | Fotos Valdemir Cunha

Revista Globo Rural
Framboesas no tacho: cozimento lento para atingir o ponto certo
A pequena Rua Bem-te-vi, em Monte Verde, localizada na porção mineira da Serra da Mantiqueira, cheira a geleias de amora, framboesa, morango, damasco e quiuí. O aroma vem da casa de Renato Lucas (Renats, na certidão de nascimento) e Donátila, que se transformou em Nata, porque a sobrinhada era incapaz de pronunciar o nome corretamente. Logo cedo, tachos que comportam até 15 quilos de frutas, sempre da estação, são levados ao fogo para que a mistura fique apurando por horas até adquirir a consistência e o sabor desejados. Aos 75 anos, seu Renato deixou de ter pressa na vida depois de se aposentar em São Paulo e fez de Monte Verde a moradia definitiva do casal há uma década e meia. O distrito de Camanducaia, a 160 quilômetros de São Paulo, famoso no país pelo turismo de inverno, sempre fez parte da vida deles. O pai de seu Renato havia comprado um lote de terra nos anos 1950 do desbravador e amigo Verner Grinberg.
 Assim como a família de Renato e Nata, o fundador do distrito serrano deixou a Letônia, país europeu situado na costa do Mar Báltico, fugindo dos bolcheviques e da Revolução Russa em 1917. Renato herdou do pai meio hectare e ergueu ali um modesto chalé quando se casou com Donátila, há 50 anos. Com o passar do tempo, a construção foi ampliada, enfeitada com canteiros de amor-perfeito e, de tão delicada, tornou-se parecida com uma casa de boneca. 

O casal recebe sem economia de simpatia todo visitante que vai até lá comprar a geleia mais famosa de Monte Verde ou simplesmente admirar a riqueza dos passarinhos, maritacas, papagaios e esquilos que habitam o extenso quintal. “Os animais são os filhos que não tivemos”, considera Renato. Toda a renda obtida com as vendas é revertida paracomprar alimentos para os bichinhos. “Imagine, o jacu come um mamão sozinho”, surpreende-se Renato. Após alimentá-los bem cedo, ele e Donátila saem para caminhar e depois ficam com o dia livre para cuidar da fabricação – hoje uma incumbência praticamente apenas de Renato. A esposa não pode ajudá-lo como antes, por conta de problemas de saúde. Antigamente, o casal arrendava terra para cultivar eles próprios as frutas. Aravam, adubavam, plantavam e colhiam sem a ajuda de ninguém. Mas abriram mão de cuidar da produção de ponta a ponta, porque o trabalho estava ficando pesado demais.
 Nos últimos anos, Renato prefere comprar a matéria-prima diretamente de outros agricultores como garantia de qualidade. Cansativo para ele é somente ir para São Paulo todo mês para comprar os vidros, que comportam quase 300 gramas de geleia cada um. 
Revista Globo Rural
Os produtos da Tia Nata – o nome da marca foi sugerido pelos sobrinhos – foram criados logo que o casal fixou residência em Monte Verde. Eles buscavam um ritmo mais tranquilo de vida, mas não queriam passar os dias à toa. Logo concluíram que resgatar antigas receitas de geleia da família letã de ambos os lados seria excelente opção. Eles jamais se esqueceram do que aprenderam ainda crianças. Donátila precisava subir em um banquinho para adquirir altura suficiente para ajudar a mãe a mexer os tachos. Em sua família, Renato ajudava a colher, limpar e cortar as frutas. Durante a infância, ele morou em Varpa (que significa espiga de milho), comunidade agrícola formada por imigrantes da Letônia, durante os anos 1920, distrito de Tupã (SP). Viver em Monte Verde foi resgatar o sossego desses tempos, a ligação com a terra e com a natureza. “O homem não é nada sem elas”, afirma. 
Revista Globo Rural
Nata e Renato combinam casamento com geleias há 50 anos, desde quando eram feitas só para os parentes
O sucesso da produção os pegou de surpresa. No início, a geleia era feita apenas para presentear parentes e amigos. Mas logo começaram a aparecer pedidos de pousadas, restaurantes, cafés e dos turistas. Nos últimos anos, Renato decidiu fabricar apenas para eles, que movimentam a cidade durante o inverno. “Todo processo é muito artesanal e por isso demorado”, diz. Talvez seja esse o segredo que trouxe fama às geleias da Tia Nata. Renato comenta que a receita é simples demais: leva frutas, açúcar e limão, “mas muito amor e paciência para esperar o ponto certo”, ensina. 

Quando não está muito ocupado, o casal gosta de sentar-se em frente à casa e reparar na cantoria das aves e na quantidade de sabiás e beija-flores que habitam essa diminuta área de mata formada por pinheiros, árvores frutíferas e um sortimento de flores. Tudo foi plantado por eles, desde quando as geleias da Tia Nata eram apenas um sonho para o futuro.
Revista Globo Rural

GELEIA DE FRUTAS 
Serve: duas pessoas | Tempo de preparo: cerca de uma hora | Dificuldade: média 
INGREDIENTES 
2 kg de frutas frescas de sua preferência 
1 kg de açúcar cristal 
1 limão espremido 

COMO FAZER 
Coloque todos os ingredientes em uma panela larga e deixe cozinhar lentamente, em torno de uma hora e meia, em fogo baixo. Mexa sempre a mistura durante esse tempo para que ela não queime e adquira a textura adequada para a geleia. Espere esfriar para guardá-la em potinhos devidamente esterilizados, para garantir a conservação do produto. Faça a opção por frutas da estação: além de mais baratas, são mais saborosas, pois amadureceram na época certa.