domingo, 29 de março de 2015


Indústria considera aceitável aumento de taxas do Moderfrota

Juros no segundo semestre, porém, são temidos por fabricantes de máquinas

POR CASSIANO RIBEIRO
agricultura_maquina_tratort7_newholland (Foto: Divulgação/New Holland)

As fabricantes de máquinas e implementos agrícolas acreditam que será pequeno o impacto nas vendas do setor após o aumento nas taxas de financiamento do Moderfrota, confirmado ontem pelo Ministério da Fazenda. Para as empresas com receita operacional ou renda de grupo econômico inferior a R$ 90 milhões, os juros subiram de 4,5% para 7,5% ao ano. Já quem tem renda superior a R$ 90 milhões, terá de pagar 9% ao ano, taxa que é três pontos porcentuais acima da anterior para este grupo.
Representantes da indústria consideram o ajuste aceitável, embora ainda demonstrem preocupação com o futuro do setor em 2015. “Sem dúvida o aumento terá um impacto, mas como os juros para os clientes de pequeno e médio porte ficaram em 7,5% e possibilidade de financiar 90% do valor da compra, a taxa ainda é bastante vantajosa e está dentro da realidade, considerando a inflação atual”, avalia Bernhard Kiep, da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas Implementos Agrícolas (Abimaq). O executivo, que também é vice-presidente de marketing do grupo AGCO, considera mais perigoso o cenário que se desenha para o segundo semestre, após a divulgação dos montantes de recursos do Plano Safra 2015/2016 e as condições de financiamento. “Imagine se o produtor se endividar por seis ou sete anos com taxas elevadas e depois a inflação e os juros caírem, como promete o governo e o Banco Central”, indaga Kiep. Ele não descarta redução na demanda pelos produtos, mas acredita que em alguns segmentos as vendas podem se manter, como é o caso da pecuária, que vive um bom momento. A aposta da AGCO está em tratores de baixa e média potência para esta área. Já na agricultura, a perspectiva é mesmo de queda.
Atualmente, indústria trabalha com uma retração de 10% a 15% no comércio de maquinários no Brasil. Em 2015, o setor amargou o pior primeiro bimestre do ano das últimas sete safras, conforme dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Isso depois de fechar 2014 com vendas 17,4% abaixo de 2013. Por meio da assessoria de imprensa, o presidente da entidade, Luiz Moan Yabiku Junior, disse que “as novas condições do Moderfrota estão em linha com a política de ajuste fiscal. Ao considerar a tomada desta decisão pelo governo, a Anfavea enaltece a rapidez com que as medidas operacionais foram editadas, bem como a liberação da verba complementar de R$ 1,8 bilhão, o que evita uma paralisação das atividades."
Moderinfra
Apesar de o governo ainda não ter mexido nas taxas do programa de incentivo à irrigação e armazenagem (Moderinfra), as empresas que têm seus negócios impactados por essa linha de financiamento dão como certo o aumento dos juros. “Com certeza sofreremos ajustes também. Mas se as taxas forem iguais aos do Moderfrota, com 7% para quem fatura até R$ 90 milhões, ainda serão as mais baratas do mercado. Teremos retração da demanda e o setor vai parar de ser movido por taxas negativas”, diz João Rebeque, presidente da Valley, empresa que lidera o mercado de pivôs usados para irrigar lavouras. Hoje, as taxas do Moderinfra estão em 4,5%.
(Colaborou Teresa Raquel Bastos)
http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Economia-e-Negocios/noticia/2015/03/industria-considera-aceitavel-aumento-de-taxas-do-moderfrota.html

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